Você certamente já ouviu falar no termo “compactos de imagem”. Trata-se de mais um nicho de mercado criado nos últimos anos, assim como os crossovers e os cupês de quatro portas, mas com inspiração diferente. Esta é a categoria que ganhou fama com nomes como Fiat 500 e Mini Cooper, e que vem mostrando interessantes competições graças ao contraste com membros futuristas como Audi A1 e Citroën DS3. Mas até então uma grande injustiça vinha sendo cometida em silêncio. É o que a VW pretende reverter com este carro.
Tal injustiça vem de que o então chamado New Beetle nunca recebia menções nas publicações da imprensa referidas a esta categoria de carro… mesmo sendo o primeiro modelo a surgir no mercado com esta ideia. Por outro lado, não é descabido pensar que seu problema foi justamente a chegada prematura: naquele final dos anos 1990, a ideia da VW era apenas criar uma versão moderna de um dos seus carros mais famosos. Como até então ninguém tinha tido ideias parecidas, a única regra seguida pelos alemães foi a própria ideia original. O resultado foi um carro apenas vagamente inspirado no Fusca original, não só pelo desenho mas também pela tecnologia, que era a melhor que os alemães tinham à disposição no momento. O carro virou uma compra emocional e com preço e tamanho equiparados ao de um Golf, e com isso ficou muito distante do antecessor. Poucos anos depois vieram os compactos inglês e italiano já mencionados, mas compartilhando o tamanho bem menor e a tendência de estilo “retrô” mais intensa, fazendo que eles começassem a ser comparados entre si, e não com o modelo da Volkswagen. A evolução dessa situação foi que mesmo com o VW ganhando versão conversível e vendendo bem, ele sempre seguia em paralelo a carros que na verdade compartilham sua raison d’être.
As imagens revelam que a intenção da VW não passou por reduzir o tamanho do agora chamado Beetle. Ele mantém o conceito de “carro moderno que relembra o Fusca”, mas a grande diferença foi passar a enfatizar a segunda parte deste slogan. Ele volta a oferecer o melhor da tecnologia de sua marca, mas as mudanças visuais que recebeu tiveram o objetivo de aumentar a semelhança visual com o antecessor: o teto ficou mais baixo, o capô mais longo e a queda da traseira mais arredondada. Os alemães querem que ele perca o status de “carro feminino” da primeira releitura, e para isso apostaram na esportividade. Começaram com itens como rodas grandes, detalhes cromados sem excessos e itens que viraram a última moda entre os carros, como o teto solar panorâmico, mas terminaram com a ideia que na verdade deveriam ter tido desde a fase anterior: em vez de padronizar o nome norteamericano, o “novo novo Beetle” receberá o apelido que o carro original recebeu em cada país que foi comercializado. E é isso que faz nosso mercado voltar a conviver com o nome Fusca sob holofotes depois de dezesseis anos, ainda que holofotes bem diferentes. Afinal, basta lembrar que o preço inicial do novo carro será R$ 76.600 para entender que a maior ligação que este carro vai formar com o antecessor está nas memórias que esse nome vai despertar em muita gente.
Um ponto de vista puramente técnico vê este carro como uma versão informal do Golf, porque eles têm dimensões e tecnologia parecidas mas desenhos tão diferentes quanto entre Fiat 500 e Palio, por exemplo. O novo Fusca chega ao Brasil com qualidade europeia por fora e na cabine, que por sua vez apresenta muito bom gosto com a inspiração retrô presente sem atrapalhar a modernidade geral; o espaço é honesto para apenas quatro pessoas, como é natural nesta categoria. Seus itens de maior destaque são bancos e volante em couro, central de entretenimento com touchscreen no console central, sistema de som multimídia com oito alto-falantes e luz ambiente em três tonalidades, além do pacote de segurança que conta com airbags frontais e laterais, controles de estabilidade e tração e freios com ABS e EBD. Já o volante com base chata e os instrumentos adicionais acima do console revelam a vocação esportiva: este Fusca sempre trará o 2.0 TSI de 200 cv usado em vários modelos da marca, com câmbio manual de seis marchas. Ainda é possível equipá-lo com o câmbio DSG, volante multifuncional e itens de luxo como farois bixenônio, os mencionados teto solar, rodas de 18” e as luzes diurnas em LED, sistema de som Fender, entrada sem chave, sistema ParkPilot e outras opções de revestimento dos bancos, entre outros. Mas equipado com tudo isso, quando você poderia imaginar que um Fusca passaria dos cem mil reais?