É interessante como o esforço de uma marca em exaltar um modelo cresce de forma quase exponencial, à medida que a faixa de preço aumenta. Por mais que vários carros mais acessíveis também tenham uma história repleta de edições especiais com os mais diversos temas, sobretudo na Europa, os superesportivos são campeões nisso. Suas marcas aproveitam que esses carros possuem valor emocional enorme, então sempre buscam novas formas de aumentar a sensação de “topo do mundo” que acompanha suas chaves.
Para os compradores de carros mais convencionais realmente se torna difícil de entender o que ainda é possível fazer em carros de mais de meio milhão de reais com a tal finalidade de que eles se distingam ainda mais, mas o fato é que parte dessa resposta se encontra na própria pergunta: quanto mais dinheiro se tem envolvido, mais fácil fica atingir um objetivo determinado, pelo menos neste caso. Assim como um Land Rover retribui seus preços com um desempenho off-road incomparável ou um Rolls-Royce se paga com a classe e a durabilidade já lendárias, os esportivos de nível mais alto buscam justamente oferecer uma performance indefectível. O trabalho que a Audi vem fazendo com o R8 merece aplausos não só pelo produto em si, como principalmente pelo contexto que ele na verdade não tem. Porque não se trata de uma marca com a tradição da Porsche ou uma cujo foco é outro mas tem todo um histórico no ramo dos esportivos, como a Mercedes-Benz. A Audi sempre se especializou em requinte e qualidade geral, e mesmo que seu êxito com as linhas S e RS seja grande, o R8 é um caso totalmente diferente. Um esportivo de nascença foca em um público muito diferente, que se dispõe a pagar muito mas também exige muito mais que os que levam uma versão preparada de um dos carros de rua.
Parte desses requerimentos especiais é que o carro não só corra muito como o faça muito bem. Estilo e luxo interior são itens de lei mas não as prioridades, e é isso que explica o fato de o R8 SE ter ganhado tão pouco na parte visual: ele vem apenas na cor branco Ibis e traz rodas aro 19” em preto fosco com pinças vermelhas. Entretanto, se por fora ele pode ser confundido com um R8 comum, basta dirigí-lo para começar a sentir as diferenças. Este modelo parte da versão V8 e tem como destaque o kit de itens de performance da empresa MTM (Motoren Technik Mayer), uma das melhores preparadoras alemãs. Temos filtros especiais para maior admissão de ar e escapamento esportivo, que traz ponteira dupla e abertura de válvulas a partir de 3.000 rpm, conseguindo um som de motor mais encorpado – aí está uma prova da importância do tal quesito emoção. Falando em motor, o 4.2 FSI passa a gerar potência e torque de 450 cv e 45,9 kgfm, força que lhe permite aceleração de 0 a 100 km/h em 4s2 e velocidade máxima de 310 km/h, sempre com câmbio manual e na carroceria cupê. O pacote de equipamentos completo termina de justificar os R$ 558 mil que este carro pede. Ele vem em tiragem de apenas quinze unidades, com direito a plaqueta numerada no painel.